O Reino das Analogias Superiores: as Palavras sem os Véus (I)
Autor: Álvaro Vinícius de Souza Silva
Data: 19/08/2016
1.A linguagem discursiva surte as noções apreendidas pela crivo da
justificação da complementação sintática, na mecânica algébrica dos véus da
sintaxe, syntaxis, de syn (junto), tassein (ordenar), mediante níveis de
interpolação lógica que por ora condensam e delineiam, em agudo espírito, as
nossas percepções; por ora, em alguns instantes, colocam-nos, por gravidade, na
obtusidade das vagas especulações.
2. Nenhum método operativo do raciocínio discurso poderá
reproduzir a completude significativa de um único objeto. Poderá apenas elencar
as notificações de alguma perspectiva real, acolchoadas pelas nossas condições
naturais e pelas intuições compatíveis à situação, bem como as encaixando nos
fluxos expressivos de que depende o grão êxito de toda a transmissão de ideias.
Com essa propensão, estabelecemos uma dívida com a inteligência analógica e os
vislumbres dos reinos superiores da percepção.
3.Em Mateus 13:10, os discípulos perguntam: "por que falas ao
povo por parábolas?"; em seguida, eis a resposta do Mestre: "A vocês
foi dado o 'conhecimento' dos mistérios dos Reinos dos Céus, mas a 'eles'
não." Aqui, nesse trecho, a atenção natural rapidamente repercute, em nós,
a clara distinção entre a revelação direta dos 'mistérios' e o conhecimento
analógico, de 'ana' (de acordo com), 'logos' (palavra), decantado nas relações
entre os símbolos, de 'symbolon', 'syn', 'ballein'(lançar). Nisso, já estava
'lançada' o que é a 'semente' da Parábola, porque, a "quem tem", o
conhecimento em terra fértil, "lhe será dado, e este terá em grande
quantidade. De quem não tem, até o que não tem será tirado." (Mateus
13:12). Cabe, então, a nós, entendermos o que acreditamos possuir, lembrando-se
das seguintes palavras de João Batista: “Um homem não pode receber coisa
alguma, a não ser que lhe tenha sido dada do céu" (João 3:26).
4. A coleção de palavras vãs e de falsas convicções dá-nos a
impressão de sabedoria tão somente por conta do aprazível da aparência e da
postura externa no mundo das opiniões, tolhendo-nos em motivo para toda razão e
em critério para toda força de julgamento. Tais índoles de compreensão
enclausuram-se nas persuasões mútuas entre as palavras, entre as formas de
pensamento escondidas por vários véus, ou nas trincheiras das camadas. Todavia,
se em todas essas coisas nada tivermos para fecundar a 'semente' do Criador, o
dado 'conhecimento' dos mistérios dos Reinos Celestes-- as centelhas que
habitam nos espíritos voltados ao discernimento--, todas estas coisas serão
arrancadas pelas incertezas dos vendavais, porque nenhuma delas terá firmeza ou
o fruto de cada promessa. E isso é equivalente a nada possuir. Por isso, é
preciso que sejam retirados os "véus das palavras" ouvidas e vistas,
para que possamos entender o sentido interno de cada uma delas, ao invés de
ficarmos presos nos limites da linguagem discursiva.
Link: http://www.recantodasletras.com.br/pensamentos/5733501
Obs: de acordo com a lei nº9610/1998, "são obras intelectuais protegidas as criações do espírito, expressas por qualquer meio ou fixadas em qualquer suporte, tangível ou intangível".
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