O inabitual como susto: de Feyerabend a Charles Richet
Parte 1
Escrito por Álvaro Vinícius
Fevereiro de 2015
"Todas as metodologias, até as mais óbvias, tem os seus limites". (Paul Feyerabend)
“A nossa inteligência rotineira está de tal maneira ordenada, que se recusa a admitir o que é inabitual”. (Charles Richet)
Paul K.Feyerabend[1] |
Charles Richet[2] |
É
costumeiro analisar diversas situações por meio de um determinado referencial
prático, seja em sua multiplicidade expressiva ou em seu fiel fundamento, no
qual subsiste o princípio da convicção, que orienta, em especial, a
interpretação. Nas ciências da natureza, por exemplo, existe um amplexo de
possibilidades na elaboração de um sistema teórico, ao qual não se deixa de
atribuir, com certa dose de sofisticação, os elementos formais da lógica, tais
quais os princípios de identidade, da não-contradição e do terceiro excluído (tertium
non datur); e sabe-se que, além disso, apenas um modelo teórico obterá
êxito em função de circunstâncias que abrangem tanto a relação positiva entre a
explicação e a experiência quanto os fatores que condicionam a natureza
investigativa. Destarte, torna-se-ia inconcebível pensar em um único critério
ou método de observação científica do qual se desmembre um serial de
proposições, cujo esquema dedutivo seja capaz de delimitar toda a trama de um
problema, até mesmo quando esse critério representa a "vitória
empírica" do processo seletivo de critérios, uma espécie de "primogênito"
da experiência. Segundo Paul K. Feyerabend, "um
cientista que deseja maximizar o conteúdo empírico das concepções que sustenta
e compreendê-las tão claramente quanto lhe seja possível deve, portanto,
introduzir outras concepções"[3], uma vez que necessita adotar "uma
metodologia pluralista", um conjunto de observações científicas a
que se permita a coexistência de perspectivas contrastantes, diferentemente de
uma persistência favorável a determinadas teorias por confabulações do espírito
de conveniência e de época, como também da confirmação prática como a última
instância para o carimbo de "segurança teórica". Um dos pioneiros da
parapsicologia, autor da obra Traité de Métapsychique, o
médico francês Charles Richet, observou bem antes de Feyerabend que "A
nossa inteligência rotineira está de tal maneira ordenada, que se recusa a
admitir o que é inabitual"[4]; e, de fato, nossa salutar
capacidade intelligiblis pode se submeter ao régio princípio
de tudo avaliar e, ao mesmo tempo, desprezar o que se distancia do permanente
vetor reflexivo mais comedido à prática dos papers, como se a
natureza estivesse sob a batuta de um simples modelo verificação e análise. De
acordo com Richet, "a história das ciências nos ensina que as mais
simples descobertas foram repelidas, a priori, sob o pretexto de que estavam em
contradição com a ciência" [4]; para Feyerabend, "Todas
as metodologias, até as mais óbvias, tem os seus limites". Com
efeito, resta-me dizer que, de Charles Richet a Feyerabend, de uma época a
outra, o inabitual tece um susto acadêmico; e o que dizer atualmente, se o
susto ainda existe?
O inabitual como susto
Consultas bibliográficas:
1-http://fr.wikipedia.org/wiki/Paul_Feyerabend#mediaviewer/File:Paul_Feyerabend_Berkeley.jpg
2-http://fr.wikipedia.org/wiki/Charles_Richet#mediaviewer/File:Charles_Robert_Richet_5.jpg
3-FEYERABEND, Paul K. Contra o Método; tradução Cesar Augusto Mortari.-2.ed.-São Paulo: Editora Unesp, 2011.
4-.RICHET, Charles. Traité de métaphysique.
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